Ué? Não é só apertar o botão? Para que falar sobre o disparo? Será que alguém pode errar na hora de apertar um botão? A resposta é “sim, pode”.
Nas antigas máquinas compactas de filme, o disparo era realmente uma ação que não costumava gerar maiores problemas. Aquelas máquinas tinham a lente fixa, concebida para que o máximo de objetos na imagem estivessem focados. O botão de disparo realizava um movimento único, no qual o filme era exposto durante um tempo fixo, não importando se havia luz ou não. Em suma, o disparo em si não interferia muito na fotografia.
Já nas câmeras digitais os procedimentos que antecedem o disparo interferem diretamente no resultado na imagem. Entre o momento que seu dedo toca o botão e o surgimento da imagem na tela a máquina realiza ajustes no foco, quantidade de luz que passa pela lente e que sai do flash, profundidade de campo focal, quantidade de tempo que a sensor permanecerá exposto, a sensibilidade (ISO) necessária para uma boa exposição...
Cada um desses assuntos será objeto de um post específico. Alguns deles só poderão ser realmente ajustados em uma máquina mais avançada. Mas todos eles estão presentes na sua máquina, por mais simples que ela seja. Resultado da incorporação de recursos que antes eram exclusividade das câmeras mais caras e das reflex. Aqui nós vamos ver aquilo que está presente em qualquer câmera digital, inclusive nos celulares.
Você sabia que o botão de disparo de sua câmera não tem apenas a posição “solto” e “apertado”? Pois é, existe uma posição intermediária, uma pequena resistência no botão antes que ele pare de se mover para baixo. Faça o teste: segure sua câmera, ponha o dedo sobre o botão e pressione ele bem de leve. Vai surgir uma primeira resistência ao seu movimento. Nesse momento, a tela vai ajustar o foco da imagem até que apareça um quadrado (pode ser apenas os cantos do quadrado) na cor verde, vermelho ou amarelo (de acordo com o modelo). É nesse ponto que a máquina fará todos os ajustes necessários para que a imagem fique adequada à luz que entra pela lente. Vamos chamar esse ponto de “meio curso” ou “meio disparo”. Apertando o botão um pouco mais ocorre o disparo propriamente dito. Nesse momento o sensor é exposto, a luz entra pela lente e a imagem é formada.
Nos celulares, como não existe botão físico, esses ajustes são realizados automaticamente ou, nos aparelhos mais avançados, quando você toca um ponto na tela que não seja o botão virtual. O celular vai entender que você quer medir a iluminação naquele ponto específico. É possível travar aquele ajuste tocando um cadeado.
Então, o que devemos fazer na hora do disparo para não estragar uma fotografia ao apertar o botão? Vamos lá:
1º) Segure a máquina corretamente: “E existe uma forma correta de segurar a máquina?” Sim, existe. Nas máquinas reflex e nas compactas maiores, a forma correta de segurar a máquina é com a mão esquerda aberta com a palma para cima, deixando a câmera completamente apoiada sobre a palma da mão, e com a mão direita empunhando o lado da câmera com o indicador sobre o botão de disparo.
Isso serve para que a máquina não balance durante o disparo, para que o polegar e o indicador esquerdo possam girar os anéis da lente (no caso das lentes intercambiáveis), e para que não haja risco de um dedo aparecer na sua imagem. Também permite que algum ajuste rápido possa ser feito pelo polegar direito. Isso vale mesmo para os canhotos, já que não existe câmera com disparador do lado esquerdo.
Essa forma de segurar a máquina proporciona estabilidade e rápido acesso aos principais comandos.
Nas máquinas compactas menores, essa pegada também pode ser adotada, mas você pode achar a posição estranha. Nesse caso, você pode utilizar o polegar esquerdo levantado, apoiando lateralmente a câmera, fazendo um “L” com o indicador ou o dedo médio, que apoiará a base da câmera. Caso ainda ache isso estranho, segure a máquina da maneira mais confortável, com muito cuidado para que nenhum dedo vá para a frente da lente.
Como as digitais não precisam ser levadas ao olho, essa posição deixa a máquina mais firme e evita que seu dedo apareça na imagem.
2º) Pressione o botão a meio curso e aguarde: espere que a máquina focalize a imagem e faça a correta medição da luz. O tempo de espera vai depender da qualidade da máquina e do objeto que está sendo fotografado. Quanto maior o contraste entre as partes do objeto, ou entre o objeto e o fundo, maior a facilidade para a máquina fazer o foco. Caso a máquina tenha dificuldade de focalizar, repita a operação posicionando no centro do monitor alguma linha ou fronteira entre cores diferentes no objeto fotografado. Nas máquinas reflex, olhando pelo visor, posicione essas linhas em um dos quadrados ou pontos que indicam as regiões de foco. Ambientes escuros e grandes planos com uma só cor também dificultam a focalização.
A marca que indica o foco varia de um modelo de máquina para outro. No monitor, ela costuma ser verde. No visor das máquinas reflex, o ponto do foco costuma ser indicado por um retângulo ou um ponto vermelho.
3º) Confira se o foco realmente está sobre o objeto principal: Ainda com o botão a maio curso, observe no monitor se a marca (ou as marcas) verde está sobre o objeto que você quer que esteja focalizado. De acordo com o sistema de focagem da máquina, o foco estará no centro da imagem, ou no primeiro plano. Leia o manual para saber como regular essa função. Caso o foco não esteja no objeto que você deseja, repita a operação. Coloque o objeto no centro da imagem, focalize (meio disparo) e reposicione a imagem sem soltar o dedo do disparador. Lembre-se da regra dos terços! É nessa hora que você pode modificar ligeiramente o enquadramento (ainda com o disparador a meio curso), posicionando os elementos mais importantes nos pontos onde as linhas imaginárias de cruzam.
4º) Prenda a respiração: Lugares com pouca iluminação podem fazer com que a máquina deixe o sensor exposto por muito tempo. Isso fará que o mínimo movimento da sua mão, até sua respiração ou o próprio movimento do disparo faça sua imagem sair tremida. Nesse caso, o ideal é usar um tripé e programar o timer da sua máquina (aquele que você usa para apertar o botão, sair correndo e sair na foto). Caso não tenha um tripé, procure apoiar a máquina em um plano. Outra opção é apoiar bem o seu corpo e prender a respiração antes de disparar. O flash também ajuda a compensar esse problema, pois para ele funcionar a máquina ajusta a velocidade do disparo e a luz forte ajuda a “parar” alguns movimentos.
5º) Dispare: e que eu pensava que era só apertar o botão...